A Bíblia Condena Pessoas Trans? Prepare-se para Descobrir a Verdade Que Ninguém Te Contou!


Você já se perguntou se a Bíblia realmente condena pessoas trans? Essa é uma questão que levanta debates acalorados, mas a resposta pode te surpreender. Hoje, vamos explorar um versículo que muitos citam para justificar essa ideia, mas que, ao ser analisado profundamente, revela algo totalmente inesperado.

Segundo alguns líderes religiosos, há sim uma passagem frequentemente mencionada, que interpretam de forma literal para afirmar que a identidade trans é condenada por Deus. Esse versículo está em Deuteronômio 22:5, onde se lê: 

“Não haverá traje de homem na mulher, e não vestirá o homem vestido de mulher: porque, qualquer que faz isto abominação é ao Senhor teu Deus”.


No entanto, a compreensão moderna sobre identidade de gênero vai muito além de um simples intercâmbio de roupas. O termo transgênero se refere à experiência de pessoas que não se identificam com o sexo biológico com o qual nasceram. Esse é um entendimento sobre a identidade pessoal, não sobre a troca de vestimenta.

A própria sociedade está passando por uma revisão dos conceitos de sexo e gênero, aprendendo que o que realmente nasce com o indivíduo é o sexo biológico, enquanto o gênero é uma construção cultural e social. Em um olhar aprofundado nas Escrituras, Deus criou “macho” (zakhar) e “fêmea” (nqevah), e não necessariamente um gênero definido em termos culturais.

Mas, afinal, o que Deuteronômio 22:5 realmente quer dizer?

Primeiramente, precisamos analisar o termo “abominação” no texto original em hebraico, onde aparece como "toevah". Esse termo é amplamente usado para designar práticas relacionadas à idolatria. Como explica a Bíblia de Estudo Palavra-Chave, da Casa de Publicações da Assembleia de Deus, "toevah" se refere a algo reprovado especialmente em contextos ritualísticos ou idólatras, e não em um ato específico isolado.

No tempo em que o livro de Deuteronômio foi escrito, o povo de Israel estava a caminho de Canaã, onde os cananeus praticavam cultos pagãos com elementos como troca de roupas em rituais. O culto à deusa Astarte (também conhecida como Afrodite, Vênus ou Ishtar) incluía homens vestindo-se de mulheres e vice-versa, simbolizando suas crenças. Veja o relato que o autor Fernand Robert faz sobre o culto à deusa Afrodite no livro A Religião Grega:

“A primeira relação consiste num rito comum aos cultos de Ares e Afrodite: festas com disfarces de mulheres em homens e de homens em mulheres para conjurar influências nefastas contra o sexo. Os mitos falsamente explicativos contarão – por exemplo, em Tégea ou em Argos – façanhas militares realizadas por mulheres e assim informarão sobre festas como as Hibrísticas de Argos, nas quais as mulheres se vestiam de homens (chegavam inclusive a usar barbas postiças para dormir com seus maridos) e os homens de mulheres, em comemoração, dizia-se, a uma batalha em que elas tinham, sob o comando da poetisa Telesila, restabelecido a situação militar após uma derrota dos homens em combate contra o espartano Cleómenes; era uma festa de Afrodite.”

Observe que o ritual descrito coloca homens e mulheres em papéis equivalentes, algo incomum para o contexto do Antigo Testamento. Naquele tempo, não era permitido que uma mulher andasse livremente pelas ruas com qualquer vestimenta que escolhesse.

É importante destacar que a mulher era vista como propriedade do homem da casa. Um exemplo disso é Ló, que ofereceu suas próprias filhas como se fossem simples objetos de troca. Assim, as mulheres não tinham autonomia social.

Porém, no ambiente religioso, o cenário sociocultural se ajustava às exigências da divindade adorada. A forma como os rituais eram conduzidos era determinada pela deusa.

A Bíblia menciona a deusa Astarte, também chamada de Aserá em alguns trechos, e descreve a simbologia associada a ela. Em Deuteronômio 16:21, Deus orienta: “Não plantarás nenhum bosque de árvores junto ao altar de Jeová teu Deus, que fizeres para ti.” Por que seria problemático plantar árvores perto do altar? À primeira vista, isso parece sem importância, mas Astarote era simbolizada por um tronco de árvore sem galhos fixado no chão, e seus rituais eram realizados em bosques. Para entender isso é preciso considerar o contexto!

Similarmente Deuteronômio 22:5 não condena pessoas transgênero e precisa ser interpretada considerando primeiro o contexto linguístico e depois o contexto cultural da época.

Assim, ao longo do tempo, o povo hebreu ocasionalmente incorporou ritos dos povos ao seu redor, contrariando os mandamentos de Jeová Deus e adotando costumes de idolatria. Em relação a Astarte, rituais de troca de roupas faziam parte do culto à deusa, e eram comuns em cerimônias dedicadas a ela.

Pausa para Reflexão

Sabia que muitas igrejas usam esse mesmo versículo para proibir mulheres de usarem calças? A própria passagem de Deuteronômio 22:5 é tema de debate em diversas igrejas. Algumas igrejas cristãs permitem que mulheres usem calças, enquanto outras proíbem com base nesse mesmo versículo, argumentando que essa vestimenta é masculina.

Aqui está a verdade: a Bíblia não tem uma condenação explícita sobre pessoas trans. Ela fala de rituais, costumes e contextos muito específicos que não se aplicam ao conceito moderno de identidade de gênero. Ao interpretar as Escrituras, precisamos de algo mais do que palavras isoladas – precisamos de contexto, compaixão e compreensão.

Se você chegou até aqui, parabéns! Você faz parte de um grupo raro que busca entender além das primeiras impressões. Compartilhe este conteúdo com alguém que precisa ler essa mensagem, e continue essa conversa nos comentários!

Comentários